O desenvolvimento tecnológico, a globalização e a complexificação da legislação resultaram no surgimento de novas carreiras jurídicas e na necessidade de preparação para o futuro da advocacia. Afinal, temos 1 advogado a cada 164 habitantes no Brasil. Reinventar-se já é uma necessidade.
Por isso, o propósito deste texto é preparar os advogados e advogadas para as mudanças que já estão ocorrendo e que são inevitáveis. Desejamos então a você uma boa leitura e boas reflexões sobre o seu próximo passo na advocacia!
A evolução nas carreiras jurídicas
No mundo do Direito, a única constante é a mudança. As carreiras jurídicas, uma vez dominadas pela prática litigiosa tradicional, foram transformadas ao longo dos anos de maneira irreversível, respondendo à evolução da sociedade, das tecnologias e dos negócios.
Se antes o papel do advogado era o de defender os interesses de seu cliente em um Tribunal de Justiça, com um mercado de trabalho relativamente estável, à medida que a sociedade se tornou mais complexa e regulada, isso mudou. O advento do direito empresarial, direito do consumidor, direito ambiental, entre outros, reflete essa tendência.
Outra mudança se deu por conta da revolução tecnológica. Primeiro, a tecnologia tornou a prática do Direito mais eficiente. A pesquisa jurídica, que já levou muitos profissionais a folhear por horas livros de leis, por exemplo, pode agora ser realizada em minutos online. Em paralelo, essa benéfica ascensão da Internet também criava novas áreas, como o direito digital.
Por tudo isso, hoje, o campo jurídico é vasto e diversificado, indo muito além do tribunal e abrangendo uma variedade de setores, bem como uma gama de especializações, cujas principais citaremos a seguir.
6 carreiras jurídicas em alta
Confira algumas especializações que são tendências para o futuro do mercado de trabalho dos advogados.
1. Data Protection Officer (DPO)
A implementação de regulamentações de privacidade de dados, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil, criou a necessidade de profissionais como o DPO (Data Protection Officer).
O termo pode ser traduzido para “Encarregado da Proteção de Dados”. O objetivo deste profissional é garantir que todas as informações que envolvem as empresas sejam tratadas de forma adequada e fiquem seguras. Ou seja, ele guia e fiscaliza as organizações, visando proteger seus dados e dos clientes, colaboradores e fornecedores.
Por ser uma área de atuação com desenvolvimento recente, as características obrigatórias de um Data Protection Officer ainda não são claras. O que podemos dizer é que este profissional deve ter pleno conhecimento em gestão da informação e principalmente nas regulamentações estabelecidas pela LGPD.
2. Especialista em Direito Ambiental
O Direito Ambiental não é novo, mas cada vez mais pessoas buscam informações sobre o conceito Eco-Friendly. Com o aumento da conscientização ambiental, os advogados e advogadas que defendem essa causa serão mais ainda procurados.
Nessa área, é possível prestar consultoria para empresas que querem inserir a sustentabilidade em seus valores, ou defender o interesse de instituições em relação a áreas protegidas.
ESG (Environmental, Social and Governance ou Meio ambiente, Social e Governança em português), por exemplo, é um conjunto de práticas que funcionam como um guia para medir se determinadas atividades empresariais estão respeitando aspectos éticos, sociais, sustentáveis e de governança.
Através deste conceito, os profissionais ajudam a garantir que as organizações tenham consciência sobre o seu papel enquanto empregadoras e agentes sociais, seguindo tais práticas.
Por sorte há muitos cursos disponíveis para os interessados, mas é preciso se aprofundar para se destacar em uma área tão concorrida.
3. Redator jurídico e Legal Copywriter
Áreas emergentes como criptomoedas, moedas digitais/CBDCs, metaverso, NFTs, Web3, realidades virtuais e outras áreas de tecnologia precisam ser pesquisadas e escritas. E é por isso que os advogados que escrevam sobre leis relacionadas a esses setores estão em alta.
Afinal, há e continuará havendo a necessidade de contribuições intelectuais para entender tais avanços e o impacto disso nas leis que regem a sociedade.
Outra área em ascensão é a de Legal Copywriting, que se trata da produção de textos persuasivos para ações de marketing e vendas, como o conteúdo de e-mails, sites, catálogos e anúncios voltados para o Direito. Para se especializar na área basta se aprofundar em conhecimentos que envolvam o desenvolvimento de uma boa escrita. Além disso, técnicas de SEO (Search Engine Optimization), que trata-se da otimização de conteúdos para os motores de busca, também são recomendáveis.
4. Engenheiro Jurídico
Esta profissão está entre um advogado e um engenheiro, que em outros setores equivaleria à figura do “arquiteto de soluções”. Ela visa integrar a utilização de tecnologia e processamento de dados de forma a conceber soluções que permitam às organizações serem mais eficientes na prestação dos seus serviços jurídicos.
Ou seja, esse advogado ou advogada seria a conexão entre o departamento jurídico e o departamento de TI, sendo um agente de convergência entre o Direito e a tecnologia.
Para atuar na área é exigido conhecimento jurídico e técnico, uma vez que suas principais atividades consistem em: assessorar, desenvolver e criar soluções com o objetivo de tornar os processos mais rápidos, com menor custo e tempo. Algumas dessas soluções dão origem ao que chamamos de ferramentas Legaltech: contratos inteligentes, plataformas de serviços digitais, e softwares jurídicos, entre outros.
Para tanto, cursos oferecidos no mercado brasileiro e estrangeiro, além de aprendizado em legaltechs é aconselhável.
5. Controller Jurídico
A presença do Controller jurídico no cenário da advocacia moderna é cada vez mais proeminente. Com a constante mudança no mercado jurídico, os advogados estão percebendo a relevância desse especialista que assume o papel de oferecer suporte técnico e administrativo, melhorando o funcionamento dos escritórios.
A função deste profissional basicamente é estratégica e operacional, atuando como um apoio vital para os proprietários e gerentes de escritórios de advocacia no gerenciamento eficiente de suas operações.
É ele quem supervisiona diversas funções com o objetivo de otimizar resultados, aumentar a produtividade e aliviar os advogados de tarefas administrativas excessivas. Ou seja, é a figura central que coordena todas as tarefas de gestão, seja elas de natureza técnica ou ligadas à produção jurídica.
Embora seja essencial para o Controller Jurídico ter uma compreensão sólida das rotinas e desafios enfrentados pelos advogados, a formação jurídica não é um requisito estrito. O papel é também adequado para aqueles com formação em outras áreas.
Mas lembre-se, advogados e advogadas que aspiram a serem Controllers jurídicos eficientes devem buscar especialização em gestão e controladoria, além de aprimorar habilidades específicas.
6. Especialista em cibersegurança e direito digital
Não é surpresa que essa especialidade jurídica esteja despontando como uma das principais tendências. À medida que a presença de empresas, organizações e indivíduos no mundo digital cresce, a demanda por soluções jurídicas que envolvem a preservação de direitos e a cibersegurança só aumenta.
Crimes cibernéticos como espionagem, difusão de fotos ou imagens danosas à reputação, discriminação e ameaças online, tornam-se cada vez mais comuns, ampliando o campo de atuação dos profissionais desta área.
Para os interessados, essa especialização exige uma forte ligação com o setor de tecnologia, permitindo antecipar problemas futuros e prever situações potencialmente prejudiciais. Atualmente, a formação em Direito Digital é uma excelente opção para quem deseja entrar nesta carreira. Além disso, é essencial manter-se atualizado, pesquisando continuamente sobre as novas regulamentações legais que governam o ciberespaço.
Ou seja, para prosperar nessa carreira, é crucial que o profissional não apenas tenha uma paixão pela lei, mas também um forte interesse no campo da tecnologia.
Como se preparar para o futuro da advocacia?
A preparação para o futuro da advocacia requer um compromisso com o aprendizado contínuo e uma abertura para a inovação. Os advogados precisam se atualizar sobre as últimas tendências tecnológicas e entender como elas afetam a prática jurídica.
Softwares jurídicos, por exemplo, devem ser vistos como verdadeiros aliados. Há, inclusive, vagas no mercado de trabalho que exigem conhecimento em determinadas ferramentas como o Astrea e o Themis.
Além disso, desenvolver habilidades em áreas emergentes do direito, como direito digital e compliance, será cada vez mais importante. Finalmente, soft skills como empatia, habilidades de negociação e resolução de problemas, assim como adaptabilidade, nunca foram tão valiosas. Para tanto, participar de eventos jurídicos e se profissionalizar através de cursos que se concentram em Direito e tecnologia é indicado o quanto antes.
Conclusão
Como vimos, os advogados e advogadas precisam ser capazes de se adaptar a novas situações, seja uma nova lei, uma nova tecnologia ou uma nova tendência de mercado.
No mais, o futuro da advocacia promete ser excitante e desafiador. Ao se preparar para estas mudanças, os profissionais podem não apenas se manter na área, mas prosperar, oferecendo um serviço valioso para seus clientes e para a sociedade como um todo. Para tanto, a preparação é a chave!
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