*Prof. Nathan Osipe
Introdução
E aí, pessoal!! Tudo bem com vocês? Olhem só a pergunta que vamos responder hoje: existe “burnout” por excesso de estudo?
“Ai, professor, eu achando que preciso estudar mais e você vem falar pra cuidar com excesso”? Não é isso, meus queridos! O que precisamos entender com este artigo é que uma má gestão da minha rotina de estudos pode, sim, gerar um quadro severo de esgotamento.
Então, vamos entender melhor o que é esse tal “burnout” e como que saber isso pode melhorar nossa vida de estudos!
Síndrome de Burnout ou Esgotamento
A expressão “burnout” (em português: esgotamento) vem se tornando cada vez mais conhecida, em especial pelo aumento de sua incidência em nossa sociedade. Trata-se de um processo caracterizado por fadiga crônica, depressão, sensação de insatisfação (baixa realização pessoal) e esgotamento.
A Síndrome de Burnout está prevista, inclusive, na Classificação Internacional de Doenças – CID-11:
CID-11 QD85: O esgotamento ("burnout") é uma síndrome conceituada como resultante de estresse crônico no ambiente de trabalho que não foi bem manejado. É caracterizada por três dimensões: 1) sensação de falta de energia ou exaustão; 2) aumento da distância mental em relação ao trabalho, ou sentimentos negativos ou cínicos relacionados ao trabalho; e 3) uma sensação de ineficácia e falta de realização. O esgotamento se refere especificamente a fenômenos no local de trabalho e não deve ser utilizado na descrição de experiências em outras áreas da vida.
Burnout Estudantil
Como vimos acima, o Burnout é uma doença identificada principalmente no ambiente de trabalho. Entretanto, diversas pesquisas reconhecem a existência do chamado “burnout estudantil”, em que os sintomas acima acabam aparecendo devido às dificuldades e má gestão do cotidiano de estudos.
Neste caso, os sentimentos de exaustão emocional, frustração, fadiga excessiva, e diminuição do ânimo e motivação para os estudos seriam parte do quadro de esgotamento decorrente da dificuldade de adaptação do sujeito à dinâmica da vida estudantil.
São muitas as causas ligadas ao Burnout Estudantil. Entretanto, é possível destacar algumas que podem estar presentes na sua rotina de estudos para o Exame da OAB. A ideia aqui é elencar as principais causas e pensar com vocês em como fazer ajustes para evitar o esgotamento emocional:
a) Excesso de cobrança ou desajuste entre expectativas e realidade
De todas as causas, esta com certeza é a que mais interessa para quem está em preparação para o Exame de ordem.
Uma das maiores fontes de sofrimento de um estudante é o desacordo com a realidade. Aquela sensação de sempre estar devendo: “eu devia estar fazendo mais”, não importa o quanto você esteja se esforçando. Uma sensação constante e dolorosa de insatisfação, de não aceitação do que se tem, do que se é e do que se faz. As expectativas criadas são tão grandes que não cabem na realidade.
Se queremos realmente melhorar, a saída é, primeiramente, reconhecer nosso estado atual, para depois identificar nosso potencial e progredir. Entretanto, o que percebemos são pessoas que não aceitam o estado em que se encontram. Já partem de uma autocrítica: “vou começar estudar hoje, mas eu já devia estar estudando há 3 meses”.
Ora, se você está no HOJE, os 3 meses que ficaram pra trás não podem ser recuperados. Então, o que te resta é cuidar dos estudos daqui pra frente, em paz, reconhecendo seu potencial, e progredindo sempre que possível.
O que pode nos salvar dessa angústia é o que chamo de a “arte do possível”, ou seja, reconhecer o que cabe na sua realidade, e aí sim fazer com excelência! Perceba que não estou dizendo pra você “fazer corpo mole” para estudar, mas buscar estudar com leveza, com fluidez. Trata-se de tomar cuidado com o exagero, com uma pressão tão excessiva que trava, paralisa.
b) Sobrecarga de estudos
Embora esteja ligado com o tema acima, aqui eu quero falar de carga horária mesmo. Às vezes nos propomos a uma rotina tão pesada que não percebemos que ela mais desgasta do que ajuda.
Novamente a saída que podemos ter é o acordo com a realidade e a arte do possível: qual a sua carga horária saudável hoje? Reconheça-a e comece por ela, sabendo que ela pode ser aumentada com o passar do tempo, conforme você vai ganhando resistência. Nesse sentido, as trilhas de estudo do Estratégia OAB são fundamentais para direcionar a sua energia de estudos de modo otimizado.
c) Excesso de atividades diárias
A sobrecarga não é só das tarefas que precisamos fazer, mas o excesso daquilo que não é importante. Neste mundo digital, estamos cada vez mais acelerados, queremos fazer tudo ao mesmo tempo na intenção de “aproveitar a vida”, mas acabamos nos esgotando e não sentindo satisfação em nenhuma atividade.
Há inclusive uma expressão, chamada “burnout digital”, para explicar o esgotamento decorrente do excesso de uso de dispositivos eletrônicos. Assim, é fundamental que você fique atento a como vem fazendo uso de tais dispositivos. Lembre-se, a tecnologia pode ser sua aliada na preparação para o Exame de ordem, mas cuidado com as inúmeras distrações que podem comprometer a sua qualidade de vida.
d) Ambiente pouco motivador/falta de reconhecimento
Nossa motivação está diretamente ligada à energia dos ambientes em que estamos inseridos. Por isso, fuja da negatividade alheia, e aproxime-se de pessoas que te incentivam, que te ajudam a enxergar o “copo meio cheio”, e que acreditam no seu potencial, estando inclusive dispostas a contribuir para o seu desenvolvimento.
e) Má qualidade do sono e falta de tempo de lazer
É preciso se esforçar, mas também é preciso descansar. Organize-se de modo a ter um tempo de sono adequado, e também um tempo para atividades que te proporcionem alguma satisfação. Note como é importante pensar em gestão do tempo para que haja na sua rotina abertura para atividades lúdicas e para um descanso de qualidade.
Conclusão
De fato, é possível que a má gestão da rotina de estudos gere um quadro patológico de “Síndrome de Burnout” ou “Esgotamento”, gerando sintomas como fadiga, insatisfação, desmotivação e entorpecimento.
Desse modo, visando evitar o aparecimento do quadro, o estudante deve: a) buscar reconhecer o seu estado atual e, em acordo com a realidade, estar sempre disposto a progredir de modo leve; b) evitar uma rotina de estudos mais rígida do que pode dar conta; c) evitar distrações, em especial no meio digital; d) buscar pessoas e ambientes motivadores e fugir de discursos negativos; e e) cuidar da sua gestão de tempo, equilibrando atividades produtivas, descanso e atividades prazerosas.
Desse modo, sua rotina de estudos estará preservada, tornando-se cada vez mais produtiva e saudável!
Meus queridos! Espero que com essas dicas você possa fazer ajustes preciosos em sua rotina, para um estudo leve, fluido, e longe do Burnout. Um abraço e até a próxima!
Referências
GURGEL, D. P., Batista, D. K. M., Oliveira, L. A. de, Silva, N. V. da, & Almeida, P. V. T. de. (2023). A Síndrome De Burnout Durante O Processo Acadêmico: Uma Revisão Bibliográfica. Revista Ibero-Americana De Humanidades, Ciências E Educação. 9(9), 1125–1144;
MASCARENHAS Franco, M. I. O Efeito do Burnout Digital no Envolvimento Académico dos Estudantes Universitários. 2022. Dissertação de Mestrado. Universidade de Lisboa (Portugal);
SOARES, N.. Burnout e Inteligência Emocional em estudantes universitários: que relação. 2014. Dissertação de Mestrado. Universidade de Coimbra (Portugal);
SOARES, N., Nobre-Lima, L., Mónico, L., & Ferro, M. J. (2015). A Relação entre o Burnout e a Inteligência Emocional em Estudantes do Ensino Superior. In. C. Sequeira, J. Carvalho & L. Sá (Eds.) E-book: VI Congresso Internacional ASPESM. A Pessoa, a Família, a Comunidade e a Saúde Mental (pp. 268- 277). Porto: ASPESM.
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