Síndrome do Impostor na OAB: como superar a autossabotagem?

Síndrome do Impostor na OAB: como superar a autossabotagem?

Prof. Nathan Osipe

Introdução

Olá, pessoal!! Vamos trazer mais uma reflexão importantíssima sobre inteligência emocional na preparação para o exame da OAB: vamos falar sobre Síndrome do Impostor e Autossabotagem.

Se você tem pensamentos como: “ah, não adianta estudar para a OAB porque eu não vou passar mesmo”, ou “por mais que eu estude, parece que eu nunca sei nada”, esse texto vai te ajudar!

Autossabotagem

É muito comum a gente ouvir dos nossos estudantes ou dos nossos pacientes: “ah eu me saboto muito”, ou “eu não estou conseguindo estudar porque fico me autossabotando”. Mas o que seria autossabotagem?

Autossabotagem é o ato de fazer algo que vai contra você, que prejudica os seus próprios interesses e metas. Trata-se de criar obstáculos para si mesmo no alcance dos seus objetivos. Pode ser uma ação consciente, deliberada, mas pode ser que a gente faça isso sem nem perceber

A autossabotagem pode manifestar-se de várias formas: procrastinação; dúvidas constantes sobre as próprias capacidades; começar um projeto e desistir no meio; sentimento de insuficiência; e até mesmo uso de álcool e drogas ou automedicação.

A autossabotagem é um assunto imenso, e falaremos dela mais vezes aqui, mas hoje, em especial, nós vamos falar sobre uma das maiores causas de autossabotagem na preparação para a OAB: A SÍNDROME DO IMPOSTOR.

Síndrome do Impostor

Na Síndrome do impostor o indivíduo constrói uma percepção de si mesmo de incompetência ou insuficiência.

É essa “certeza” que a pessoa tem dentro da cabeça dela, esse sentimento, de que ela é incapaz ou insuficiente; como um impostor mesmo: “Eu pareço algo que não sou; eu sou uma fraude”. Todo mundo já escutou (de si mesmo ou de outras pessoas): “todo mundo entende de Direito, menos eu; todo mundo estuda e aprende, menos eu; todo mundo está preparado para a prova menos eu”.

Às vezes os pensamentos gerados pela síndrome do impostor são até mais graves, como “eu não mereço ser aprovado, ou eu mereço ser reprovado”.

Notem que esses pensamentos são bastante danosos para o dia-a-dia, e fazem com que tenhamos comportamentos verdadeiramente sabotadores: eu procrastino o estudo, reforçando o sentimento de que eu não aprendo nada; eu começo um projeto de estudo mas não termino, porque no fundo sinto que não mereço ser aprovado, ou desisto porque tenho tanto medo de continuar e não dar certo, que é melhor antes mesmo de tentar.

Bom, mas hoje eu vou trazer 5 grandes reflexões pra te ajudar a lidar melhor e, quem sabe, superar essa síndrome do impostor!

Síndrome do impostor e efeito “Dunning Kruger”

O efeito “Dunning Kruger” é um engano muito comum que as pessoas tem quanto ao seu conhecimento sobre um certo tema, e nos ajuda a entender porque é que você estuda e fica com a sensação de que “não sabe nada”.

Ele funciona assim:

a) quando uma pessoa aprende alguma coisa sobre um tema – um conhecimento inicial, superficial – ela tende a achar que já entendeu tudo, ela superestima o seu conhecimento, ela “se acha”.

b) já uma pessoa que se aprofunda, que progride em conhecer, passa por um fenômeno oposto: ela vai se dando conta da complexidade real do tema, e por isso, começa a ter a sensação de que sabe muito pouco; começa a subestimar o seu conhecimento.

Então o que se tem é o seguinte: o primeiro, que sabe muito pouco, acha que sabe muito, enquanto o segundo, que sabe mais, tem a sensação de que sabe menos, ou de que não sabe nada.

O problema é que a gente não sabe disso. Ou melhor, não sabia!!

Porque agora você já sabe: se você começa a estudar, a progredir, e começa a ter a sensação de que não sabe muito, isso é normal. Na verdade, é até um bom sinal! Lembre-se, quanto mais eu sei de um assunto, mais comum a sensação de que não sei muito. Então a saída é persistir, você tá no caminho certo!

A síndrome do impostor é fruto da “cultura do espetáculo”

O livro “A Sociedade do Espetáculo”, de Guy Debord, já falava de uma cultura saturada de imagem, em que mais importa parecer do que ser. Atualmente, com o fenômeno das redes sociais, a superexposição e valorização da imagem tornaram-se ainda maiores.

Assim, para sentir que sua vida é boa, a pessoa acredita que precisa mostrar… postar! “Se eu não for enxergado como alguém que está bem, eu não estarei bem”. Notem que é um equívoco, mas todo mundo “joga esse jogo”. Então o que se mostra nas redes é um personagem, uma vida editada, uma imagem que não corresponde à realidade.

Síndrome do Impostor

O problema é que cada um vive dentro de si, e sabe que a SUA vida não é assim. E aí, por não atingir esse ideal (inatingível), a pessoa passa por um processo de esgotamento, e começa a ter uma sensação de insuficiência: “todo mundo tá bem menos eu; ninguém tem essas dificuldades que eu tenho”.

E é exatamente isso que acontece na síndrome do impostor: Alguns amigos postam stories de aprovados na OAB, e você pensa: “todo mundo passa menos eu”. O amigo posta foto do caderno com canetas coloridas (ele nem estudou, mas postou), e você pensa: “olha como ele estuda bem, eu não faço isso”.

Queridos, isso é uma ilusão, um engano. A verdade é que todo mundo está na luta, todo mundo tem medo, e tem muitas dificuldades. Então, não caia nessa armadilha.

Quanto mais você se submeter a essa dinâmica do espetáculo, mais você vai se sentir impostor por dentro. Por outro lado, quanto mais você assumir na realidade o que você é e o que você tem (um acordo com a sua realidade), mais você tende a crescer, de verdade, sem precisar de palco, um desenvolvimento verdadeiro, não editado.

Dialogue com seus sentimentos

Essa é uma dica simples, mas que pode ajudar bastante.

É natural a gente ter algumas dúvidas sobre as nossas capacidades: “será que eu consigo? Será que eu vou falhar?

E uma coisa que a gente pode fazer é: “conversar” com nossos sentimentos e emoções. Em outras palavras, usar o racional para lidar com nosso emocional!

Analise seus pensamentos. Eles são justificáveis? Você não terminou uma graduação em direito? Será que você é tão incapaz assim? Você não tem outros amigos que também possuem dificuldades (talvez em áreas diferentes da sua)? Por que você não merece passar? Se você tá com receio, não seria mais interessante fazer a melhor preparação possível e ver o resultado, ao invés de desistir desde já?

Submeta as suas dúvidas a um teste de realidade. Isso tende a enfraquecer essas crenças limitantes e colocar você em um estado de acordo com o real.

Evite comparações

Repita comigo: a comparação é a ladra da alegria!

Já falei sobre isso em outros textos, mas se esse tema apareceu de novo, é porque ele é muito importante.

Queridos, quando eu tento ser melhor que o outro, eu não consigo ser o melhor eu. Cada um tem um caminho, uma história. Não é o sucesso ou insucesso do outro que me define.

Cuide da sua evolução e evite olhar tanto para o lado. Lembrem-se: quem olha muito para o lado não olha para o seu caderno!

Se necessário, procure ajuda especializada

Como vimos no início, a autossabotagem tem causas muitas vezes inconscientes e mais profundas: eventos traumáticos, uma criação rigorosa, situações mal vividas e mal resolvidas… tudo isso pode ecoar em nós mesmo muitos anos depois.

Se você entende que o seu caso exige um cuidado mais profundo, talvez seja a hora de buscar apoio especializado. A psicoterapia é uma ferramenta maravilhosa que temos à disposição para cuidar do nosso emocional. Talvez seja a hora!

Conclusão

Bom, pessoal! Dá pra perceber que a Síndrome do Impostor – uma das maiores causas de comportamentos autossabotadores – é uma inimiga perigosa e sutil. Por isso, devemos estar atentos a como estamos nos enxergando, e de que modo temos nos sabotado.

Espero que essas reflexões acima ajudem você a superar a Síndrome do Impostor e acabar com a autossabotagem na sua vida!

Um grande abraço!

Referências

ALMEIDA, Aline Carvalho de. Sou uma fraude (?): explicando a síndrome do impostor. Repositório UFPB, 2020;

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997;

SILVA, Jéssica Diogo Botas. Efeito Dunning-Kruger e a sua relação com a autoestima. Repositório ISPA, 2022.


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